22 de julho de 2013

Melhor não


Um dia para não ousar ligar a televisão. Assim, posso seguir imaginando que ainda existe o bem. E o bem pode ser feito de variadas maneiras, uma conversa besta e casual, uma mudança  de rumo, uma reunião em que se decide exatamente o oposto do que se queria.
Mudar é impreciso, porém, preciso.
Se argonauta fosse, minha aptidão seria lançar dúvidas e mudar o rumo da missão.
Pois minha necessidade imprime precisão.
Mudar é preciso, necessário.

13 de junho de 2011

Mas esse trem azul na cabeça... Felicidade!

(linda foto da linda Giovana Lago)


Uma companhia aérea chamada Tupã! Sim, quando eu ganhar na loteria esse será meu empreendimento. Sei que ninguém ousará copiar minha ideia até lá, então vou brincar de divulgar...
E digo mais, minha companhia aérea atenderá somente destinos agrícolas. Quero aviões com um deus-índio sobrevoando as plantações-variações de milho, soja, trigo e mesmo aveia. Latifundiários sempre brigando com sem-terras. Quero ter aeronaves e aeroviários testemunhas desse novo país que há muito se anuncia, mas que só agora temos a chance de sonhar que talvez será.
Meu motivo, simples como uma canção. É isso que permite que eu pense, enquanto manobro em quatro rodas, com um avião rasgando os verdes campos. É a vida, é pintura... É um livro do saber.
E eu quero, eu sonho. Sonho porque é noite. Estou no meu lugar, longe do Sol, distante léguas do filme da memória...
E quando acordo é tudo tão efêmero: o sonho, o Sol... E eu quero ver brilhar: meu sonho, o Sol... É, sou ruim de aturar, mas aviso: sou de paz!

9 de junho de 2010

TeNdÊnCiA




Não é uma busca pela moda, nem por estilo. Eu queria que houvesse uma tendência de comportamento, que mostrasse o que está moda, na hora de agir em situações "limite". Mas que não seja essa moda ditada pelos psicólogos mal formados que aparecem no Jornal Hoje ou que dão entrevistas para a Folha, porque se dependesse deles, eu fatalmente seria uma bomba ambulante, explodindo verdades e vomitando fatos em cara alheia.
Eu queria uma tendência que não fosse pautada na falsidade, como os casos dos adolescentes que "super" curtem tudo, que não fosse pautada na docilidade, como a das velhinhas que "agradecem" o atraso das caixas de supermercado, que não fosse pautada na praticidade, como a das executivas que pedem o menu do dia e mal encostam na comida; e por fim, que não fosse pautada na frieza, como os assassinos que conseguem dormir pela noite.
Preciso mesmo lembrar que eu existo, mas existir requer doses estranhas que ainda não encontro nem reconheço em outros. Por isso, prefiro a versão original.

18 de maio de 2010

Mergulho





As vezes levanto a cabeça, respiro fundo, mas fico com uma tensão meio presa, uma aflição contida, como a de quem consegue emergir da água após um mergulho forçado, inesperado. Nas questões cotidianas, é fácil perder a paciência e ir trocando uma tarefa por outra, intercaladamente, até que algumas delas chegue ao fim.
As pequenas decepçoes por vezes ganham força tão grande, que perdem seu status de decepção! Aceleram o mundo ao redor com um tornado-canção, embalado a vácuo por uma potente máquina da polishop. Uma melodia consumista, ouvida por quem compra tudo o que não precisa e troca talento por quantias líquidas.
Resumo de prazeres e deleites: de grande no momento, apenas algumas imagens, delicadamente infladas pela mídia.

12 de maio de 2010

Roda a Roda







Quando a noite de domingo se inicia, em geral estou em casa, com a televisão ligada. Minha paciência não me permite assitir ao Domingão do Faustão, por isso acabo em geral, mudando para o SBT, acompanhando o grande Sílvio Santos e seu tolo programa Roda a Roda... Patrocinado pela nova Avon, a Jequiti, o programa é um jogo da forca televisivo, no qual as letras não formam um corpinho degolável, mas sim, traduzem-se em prêmios que são delicadamente (nem sempre) definidos por uma roda, que é "rodada" pelos participantes...


Minha formação (moral, cívica e afins) é estritamente televisiva, por isso hoje, ao receber uma boa notícia, minha mente rapidamente se apressou na formação de uma imagem ,diretamente ligada ao referido programa...


Imaginei rapidamente que a roda das notícias tivesse setores (sim, matematicamente essa região é conhecida por setor circular) que se classificam em: boas, más e sem importância. Na vida... Minha, sua e de qualquer um, muitas vezes essa roda tende a empacar em algum destes gomos.


E ficamos nós, por dias, semanas, meses.... Na maioria das vezes, presos às más notícias, que tendem em geral, a sair intercaladas com notícias sem importância.


Até que a mão de alguma tiazinha (tiazona), revendedora ou consumidora Jequiti, rode essa roda e consiga obter como resultado uma boa notícia...


Que transforma nosso cotidiano, algumas vezes apagando todo e qualquer estrago propiciado por uma má notícia.

4 de maio de 2010

Mais do mesmo






Há um tipo de pensamento-conflito em mim... Por um lado a vontade de uma continuidade, que é descontínua, por natureza; por outro, a ânsia pelo novo, que não pode ser plenamente novo, por definição.

Do mesmo modo, há uma existência-conflito em mim... A vontade de existir, pelo ato contínuo de prosseguir uma existência iniciada, e seu contraponto cruel; agregar algum tipo de valor a esta existência insistente.

Os dias que atravesso, ou ainda, os que efetivamente vivo, formam aos poucos um painel, que futuramente denominarei passado. E o conflito, pensamento ou existência, desponta cruel na construção deste espelho revés, que os menos atentos preferem entender como degraus de uma escada.

Fazer, mudar, construir, inovar, continuar, reproduzir, inventar (adaptar) - verbos chave no viver de um único dia. Verbos insistentes na busca pela solução de qualquer conflito.

25 de fevereiro de 2010

A Mecânica do Surgimento da Vida

Um ano depois vi que o Festival do Minuto disponibilizou os comentários dos curadores sobre meu filme. É muito legal quando você faz uma coisa levemente hermética e alguém alcança sua idéia! E mantendo a linha dos meus outros trabalhos, tem gente que não gosta mesmo, e isso é o mais legal, você conseguir fazer algo que desperte as pessoas, por gostarem ou não do que foi feito. Reproduzo abaixo todos os comentários (bons e ruins):

Curador 1 (23/06/2009)Até é interessante a analogia entre a catraca e a gravidez, mas achei o vídeo tão mal realizado, as atuações tão ruins, os planos da cena de sexo tão xulos, que não dá.

Curador 2 (23/06/2009)Mistura inocência com um forte teor de realidade na cena de sexo, idéia original.

Curador 3 (23/06/2009)não vi a relação entre catraca e sexo.

Curador 4 (23/06/2009)muuito estranho, muito interessante. só peca ao cair no "Bonitinho" do plano final...

Curador 5 (23/06/2009)Explícito e criativo. Permite criar um efeito entre os dois videos, que possuem níveis praticamente destintos, referente a rotatividade da vida.

Curador 7 (23/06/2009)Sexo intercalado com uma catraca para sugerir mecanicissidada na sociedade. Não objeve exito ao compor o vídeo.


Curador 8 (23/06/2009)Para o tema ele foi algo bem diferente, acredito que o surgimento da vida não tem muito a ver porem a garotinha passando por baixo da catraca fez com que o casal também pareça fazer algo que não é permitido (traição).

Curador 9 (24/06/2009)Boa linkagem de idéias. Quando começõu achei que era pornotube, mas foi ficando bem legal.

Curador 10 (24/06/2009)Decupagem e enquadramentos inteligentes. Edição muito bem trabalhada desenvolvendo a proposta do autor que consegue tratar o tema com humor sem diminuí-lo, excelentes as metáforas e os "metadentros" - não resisti à piada - hehehe. Adorei o roteiro e suas sacadas, e a expressão no rosto da moça é impagável, kkk. Parabéns.

Curador 11 (24/06/2009)Muito bom! Conseguiu usar a metáfora da catraca de forma clara, mas sutil, sem descambar para o apelativo. Excelente edição, decupagem bem pensada, trilha muito bem aplicada. E é engraçado.


Curador 12 (24/06/2009)a metáfora ficou um pouco bizarra e forçada, ao meu ver. o vídeo coteja o mau gosto.


Curador 13 (24/06/2009)Criativa a relação feita no vídeo, ficaria melhor em um nano, ficou repetitivo.


Curador 14 (24/06/2009)Eu confesso que não consegui entender a linha de pensamento que o diretor traçou relacionando a catraca com sexo, pessoas passando pela catraca e depois uma criança passa por baixo. Não compreendi. Mas trata-se de um vídeo com um bom roteiro, com uma sonoridade que corresponde ao jogo de cenas, que se preocupou com todos os detalhes (bem se vê pelo tamanho da equipe) e que passa uma idéia, ou seja passa uma mensagem. Apenas não compreendi, mesmo lendo a descrição do vídeo.

Curador 15 (24/06/2009)boa ideia, final bem interessante.




24 de fevereiro de 2010

Histórias sem Fim ou É Segredo

Recentemente fui jogado para recordações de acontecimentos do ano passado e na hora nem pude evitar pensar no enredo do Salgueiro deste ano, “Histórias sem Fim”...
Mas nada de livros ou repetição de histórias contadas ou recontadas. Apenas se fez presente um conflito para o qual eu havia chamado a responsabilidade e jurava ter colocado um ponto final. Mas o samba do Salgueiro trazia em sua (fraca) letra a seguinte frase: “uma história de amor, sem ponto final...” Não, não é nenhuma relação amorosa que volta à tona, apenas um conflito relativamente sério para o qual aparentemente não apareceu ainda o ponto final.
Acho bem estranho como as pessoas mudam de acordo com o que ouvem ou com o que querem. Mais estranho ainda é como as pessoas recuam justamente quando percebem que ganham nossa confiança. Aliás, esse me parece o ponto chave de todo conflito. Ao sentirem-se seguras na confiança que recebem, algumas pessoas tendem a dar passos muito largos, talvez como forma de confirmar até onde essa confiança vai. Porém a covardia em relação aos fatos, ou em assumir coisas que muitas vezes são perceptíveis, acaba fazendo com que as histórias corram ao encontro de outro enredo...
“É Segredo” foi um tsunami no carnaval. Sucesso de público, crítica e jurados! A letra trazia uma frase bem interessante: “pare pra pensar, vai se transformar ou esconder até o final?” E enfim retomo a história que havia acabado e não acabou. Para que algo seja escondido até o final é preciso que seja segredo, do contrário perde este status e passa a ser apenas um fato.
E como reagem as pessoas que vêem seus segredos arrancados do ar de mistério e transformados em fatos? A experiência mostrou um mecanismo simples de defesa, o confronto. Afinal, e isto vale para mim inclusive, é muito mais fácil confrontar aquele que conhece seus erros do que olhar para dentro de si e reconhecer-se fraco em algum aspecto. Com a criação do confronto, os fatos que antes eram segredos são reduzidos à categoria de implicâncias ou picuinhas.
As simplificações me dão preguiça e preferia mesmo ter nascido em épocas que conheço apenas pelos livros da Jane Austin. Garanto que esta história com ex-segredos fortes no quesito alcova ganharia contornos saborosos, ao ser lembrada em jantares ou passeios pelos bosques, na boca de senhoras e moçoilas bem vestidas e de educação impecável.
Este é o grande mal da modernidade: simplificam-se as pessoas, simplificam-se as relações e qualquer tentativa de reflexão sobre o todo se transforma numa lengalenga geralmente taxada de filosofia de botequim.

20 de fevereiro de 2010

Paulo Barros X Marcelo Dourado


Participo de várias listas de discussão na internet sobre o carnaval, mais especificamente sobre os desfiles das escolas de samba. Outro dia, em um destes fóruns, havia um tópico que me chamou bastante atenção: debatia a homofobia presente nas atitudes de Marcelo Dourado. Como em todas as discussões deste tipo, haviam muitos ataques ao comportamento do lutador dentro da casa do BBB.

Havia um menino, o mais fervoroso na condenação de Dourado, que afirmava que o fato dele bem conviver com os outros não era suficiente pra mostrar que ele não tinha preconceito. Até lancei sutilmente uma questão, digo sutilmente porque não é do meu feitio me envolver em calorosas discussões, o que espera-se do Marcelo? Ele, apesar das merdas que fala, conversa com respeito mesmo com pessoas que forçam a barra para mostrar mais do que são. O que ficou claro para mim na discussão que acompanhava, é que a única chance do Dourado não ser considerado homofóbico era declarar-se gay, ou bi, ou entrar em algum joguinho homoerótico com as bibas da casa. Estranho que Eliéser, sempre envolvido nestes joguinhos, deu outro dia a seguinte declaração sobre homossexualismo: Não é normal! Fico imaginando se essa frase saísse da boca de Dourado, o alarde que não seria feito.

Voltanto ao meu colega do tópico, que condenava Dourado por ser um ogro, de idéias fechadas, ultra conservador... Após a apuração, debates e mais debates sobre a campeã (de público, crítica e jurados) Unidos da Tijuca, e lá estava o menino afirmando categoricamente: "a vitória da Tijuca enterrava de vez o desfile das escolas de samba". Para ele, ao conquistar um título que há muito perseguia, Paulo Barros teria agora seu estilo referendado como a única forma de se fazer um desfile de escola de samba. E que outras escolas seguiriam este exemplo, transformando o desfile em um espetáculo da Disney.

Confesso que fiquei intrigado ao ler isso, a rejeição a Dourado neste momento me pareceu um confrontamento com o espelho. Neste grande show do senso comum que se faz em nossa sociedade, por vezes sinto que falta um pouco mais de reflexão sobre nossas opiniões.

A propósito: não sou defensor ferrenho do Dourado, nem do Paulo Barros! Reconheço neles qualidades e defeitos, que não são o foco desta reflexão.

4 de fevereiro de 2010

Tipos



Em épocas de grande irmão viramos todos um tipo de psicólogo, psiquiatra e mesmo sociólogo. Pelos diversos modelos humanos que nos são apresentados ao alcance do controle remoto lançamos nossos olhares e nossas interpretações. Não é segredo que sou atraído por algumas coisas bastante popularescas, estão aí os desfiles das escolas de samba e o próprio BBB pra confirmar isso.
Gosto e muito de ver o programa, mas mais divertido que o programa em si é o que vem depois, seja na leitura de especialistas no assunto (adoraria ter essa profissão: especialista em BBB) ou nas conversas informais com amigos e colegas. Foi justamente nestas conversas que fui lançado a enxergar uma série de pessoas que estão ou estiveram ao meu redor e que de certa forma são representadas pelos tipos do programa.
A alma intelectual que cultivei durante alguns anos de minha juventude rejeita fortemente a doutora Elenita. Saber o que fui e principalmente aquilo que alguns que por mim passaram ainda são me mostra que o caminho escolhido por mim não foi tão equivocado assim. Contatos recentes também mostram que quando mergulhamos no profundo conhecimento, perdemos a força para a ação sobre o assunto.
Formando um contraponto que beira fofoca, também é possível reconhecer no casal do trintão submisso apaixonado pela menininha nova e aparentemente inofensiva várias situações que presenciei ao longo dos anos. Muito desse conhecimento é pelo fato de ser professor e ver por diversas vezes marmanjos perdendo a cabeça por, como se diz na suburbana e rica linguagem do funk: uma novinha. As lógicas destas relações eu até compreendo, mas não de uma maneira que possa ser pronunciada impunemente.
Consequência também da profissão é reconhecer no comportamento da dançarina (Lia) vários traços bem típicos da personalidade feminina. Uma mulher extremamente sensual, que provoca, mas se sente ofendida ao ser abordada de forma mais contundente. É como uma história que ouvi essa semana: de uma menina que conversa com um menino, trocam carinhos, ele a beija, mas ela rejeita por respeitar o namorado.
Os outros tipos aparecem aos montes pela rua: o fortão burro, a barraqueira, a bonitinha quase santa, a bunduda tarada, o brutamontes com coração, a bichinha saltitante (nova ou velha), a sapata feminina e séria (mas nem tanto) e o bronco em tentativa de regeneração. Lamento muito que em todas estas edições a globo não tenha conseguido acertar na escolha de negros que fizessem algum tipo de diferença no programa, situação muito diferente da que presenciamos em nossas vidas quase que diariamente.
Pra finalizar, se for seguida a linha dos últimos anos, nos quais sempre ganha a figura que eu mais detesto dentro do programa, devem disputar o título (na ordem da minha aversão): Eliéser, Serginho ou Alex.