20 de fevereiro de 2010

Paulo Barros X Marcelo Dourado


Participo de várias listas de discussão na internet sobre o carnaval, mais especificamente sobre os desfiles das escolas de samba. Outro dia, em um destes fóruns, havia um tópico que me chamou bastante atenção: debatia a homofobia presente nas atitudes de Marcelo Dourado. Como em todas as discussões deste tipo, haviam muitos ataques ao comportamento do lutador dentro da casa do BBB.

Havia um menino, o mais fervoroso na condenação de Dourado, que afirmava que o fato dele bem conviver com os outros não era suficiente pra mostrar que ele não tinha preconceito. Até lancei sutilmente uma questão, digo sutilmente porque não é do meu feitio me envolver em calorosas discussões, o que espera-se do Marcelo? Ele, apesar das merdas que fala, conversa com respeito mesmo com pessoas que forçam a barra para mostrar mais do que são. O que ficou claro para mim na discussão que acompanhava, é que a única chance do Dourado não ser considerado homofóbico era declarar-se gay, ou bi, ou entrar em algum joguinho homoerótico com as bibas da casa. Estranho que Eliéser, sempre envolvido nestes joguinhos, deu outro dia a seguinte declaração sobre homossexualismo: Não é normal! Fico imaginando se essa frase saísse da boca de Dourado, o alarde que não seria feito.

Voltanto ao meu colega do tópico, que condenava Dourado por ser um ogro, de idéias fechadas, ultra conservador... Após a apuração, debates e mais debates sobre a campeã (de público, crítica e jurados) Unidos da Tijuca, e lá estava o menino afirmando categoricamente: "a vitória da Tijuca enterrava de vez o desfile das escolas de samba". Para ele, ao conquistar um título que há muito perseguia, Paulo Barros teria agora seu estilo referendado como a única forma de se fazer um desfile de escola de samba. E que outras escolas seguiriam este exemplo, transformando o desfile em um espetáculo da Disney.

Confesso que fiquei intrigado ao ler isso, a rejeição a Dourado neste momento me pareceu um confrontamento com o espelho. Neste grande show do senso comum que se faz em nossa sociedade, por vezes sinto que falta um pouco mais de reflexão sobre nossas opiniões.

A propósito: não sou defensor ferrenho do Dourado, nem do Paulo Barros! Reconheço neles qualidades e defeitos, que não são o foco desta reflexão.

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